segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

transbordo.

Eu poderia ser um copo "meio cheio",
na medida do otimismo, do bom humor e do bom senso,
conviver com tudo o que é diverso e divergente,
com tudo quanto é auto-ajuda, best-seller e blockbuster.
Levaria Buda e Oxalá no bolso,
seguiria o caminho filosófico do meio,
com o sorriso dos tolos estampado na cara
e no peito a calma dos que foram abençoados.
Aconselharia a todos que porventura viessem
para alcançarem a fórmula planejada
a justa-medida que regra essa vida
e a felicidade que nunca nos cabe.

Mas eu caminho por linhas tortas
e corro de olhos vendados
e caio em buracos que eu mesma cavo
e erro e refaço o caminho
e tropeço no acaso e te encontro
e conto com a sorte e te amo
e grito até ficar rouca
e choro feito criança
e transbordo de coisa que sinto
de vida que nunca se acaba.

Só consigo ser assim:
tempestade em copo d'água.