Eles sempre têm motivos pra me perguntar:
"vc tá bem?"
E eu sempre respondo:
"claro!"
sem motivos.
E às vezes é até verdade.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
em estado líquido.
Dias em baixo do chuveiro. A água que escorria confundia-se com as lágrimas e aguavam o sangue. Todos corriam por meu corpo, a água, as lágrimas, o sangue. Meu sangue. Vermelho ao extremo, mais forte que eu. Sangrei. E eu queria sangrar mais, por não ter impedido que o sangue fosse derramado. Não era um pensamento heróico, o sangue foi meu. Meu sangue! Ninguém tinha o direito de tirá-lo de mim.
A cabeça pesava e eu não consegui aguentar seu peso. Escorro eu, a água, as lágrimas, e o sangue, direto para o chão. Gelado. A água que batia nos meus joelhos, respingava no meu peito gelados pingos minúsculos, que mais pareciam estocadas de agulhas. Agora sim a dor é suficiente para que o ralo absorva, a mim, a água, as lágrimas, e o sangue - mistura fétida que eu terei de aguentar.
Desligo o chuveiro. Enxugo-me e agora estou toda eu vermelha e seca, coberta por meu sangue seco e vermelho, e por meus olhos vermelhos de tão secos. Eu que era tão forte, ao meu ver, me vi fraca, atônita. Minha própria vida, sem o meu controle. Preciso fortalecer-me para suportar o peso das minhas verdades, e das mentiras que contarei para escondê-las.
Um punhal em minhas mãos, o meu peito apunhalado. Dói. E dói ainda mais, a consciência de que fui eu quem me apunhalou por trás.
A cabeça pesava e eu não consegui aguentar seu peso. Escorro eu, a água, as lágrimas, e o sangue, direto para o chão. Gelado. A água que batia nos meus joelhos, respingava no meu peito gelados pingos minúsculos, que mais pareciam estocadas de agulhas. Agora sim a dor é suficiente para que o ralo absorva, a mim, a água, as lágrimas, e o sangue - mistura fétida que eu terei de aguentar.
Desligo o chuveiro. Enxugo-me e agora estou toda eu vermelha e seca, coberta por meu sangue seco e vermelho, e por meus olhos vermelhos de tão secos. Eu que era tão forte, ao meu ver, me vi fraca, atônita. Minha própria vida, sem o meu controle. Preciso fortalecer-me para suportar o peso das minhas verdades, e das mentiras que contarei para escondê-las.
Um punhal em minhas mãos, o meu peito apunhalado. Dói. E dói ainda mais, a consciência de que fui eu quem me apunhalou por trás.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
"Tempos Modernos".
Noite passada a minha cabeça parecia aquela máquina do filme do Chaplin à velocidade máxima, não parava de forma alguma, e até espantava pela inutilidade de certos produtos que dela saía. Oh sim, com certeza era o filme do Chaplin, logo logo eu seria engolida por ela - desenfreada, a produzir possíveis parafusos para os possíveis buracos incompletos.
Tudo bem, é bom colocar a maquinaria cefálica pra funcionar. Ficaria até feliz se fosse num momento oportuno. Não à meia-noite! Nunca às duas da manhã! E ela não parava. Estava realmente me irritando - e pior! - agora, não só o intenso trabalho cerebral me roubava o sono, como também a irritação diante da situação descontrolada.
O cerco está montado, pensei, estou pronta para ser devorada. Respirei fundo, cansada da extensa luta interna, e olhei para o céu - mais que isso - ele olhou pra mim. Uma única estrela - no céu tomado pela fumaça do meu trabalho - piscava para mim, sem dúvida era para mim! E a máquina parou, finalmente parou e eu nem percebi - agora eu era criança.
Veio-me aquele desejo infantil de fazer um pedido àquela estrela que com certeza era só minha. Um pedido. Simples. Fácil... Calma! Só pode ser um? E a estrela foi coberta pela fumaça do novo trabalho da máquina desenfreada. Voltei aos dezessete.
Tudo bem, é bom colocar a maquinaria cefálica pra funcionar. Ficaria até feliz se fosse num momento oportuno. Não à meia-noite! Nunca às duas da manhã! E ela não parava. Estava realmente me irritando - e pior! - agora, não só o intenso trabalho cerebral me roubava o sono, como também a irritação diante da situação descontrolada.
O cerco está montado, pensei, estou pronta para ser devorada. Respirei fundo, cansada da extensa luta interna, e olhei para o céu - mais que isso - ele olhou pra mim. Uma única estrela - no céu tomado pela fumaça do meu trabalho - piscava para mim, sem dúvida era para mim! E a máquina parou, finalmente parou e eu nem percebi - agora eu era criança.
Veio-me aquele desejo infantil de fazer um pedido àquela estrela que com certeza era só minha. Um pedido. Simples. Fácil... Calma! Só pode ser um? E a estrela foi coberta pela fumaça do novo trabalho da máquina desenfreada. Voltei aos dezessete.
domingo, 8 de junho de 2008
Ela fez uma festa.
Ela fez uma festa.
Contou todos os trocados e comprou limão e vodca. Arrumou a casa e esperou seus amigos. Cada detalhe em seu devido lugar e cada cômodo em uma sequência incômoda exibido à medida em que os ilustres críticos chegavam. Fazia-se a luz no espetáculo noturno, o som rasgava o ansioso silêncio público e ela equilibrava-se diante de toda a platéia.
Ela fez uma festa.
A vodca transbordando no copo e o suor transbordando no corpo, aquele som magnetizante invadia suas entranhas e o corpo transbordava libido, um trago de tóxicos e sua cabeça enlouquecia. No quarto, chegara a uma reunião de desejos incrustrados nas falas alheias e confidências incomuns em comuns. A vodca invadia o seu inconsciente tornando-o cada vez mais irriquieto, náuseas de desejos vomitavam verdades a toda hora e o absurdo, tornava-se perfeitamente certo.
Ela fez uma festa.
O sexo aparecia nas atitudes dos sexos, e sua vontade era que não houvesse sexos. Cada toque tornava-se mais sensível, cada olhar mais perceptível e a racionalidade menos atingível. A testosterona de terceiros ambicionava um espetáculo sensitivo do outro sexo, somente dele. E o corpo já não obedecia às desculpas esfarrapadas que a muito custo sua mente desenvolvia. A aparente hesitação transformou-se numa incrível explosão tecnicolor no momento em que seus lábios pressentiram o que estava por vir. Explosão de uma vida inteira.
Ela fez uma festa.
Já não se importava os sexos. Diz-se que se deve amar os semelhantes. Ela amou. Com todo o seu direito. Enquanto todos dormiam.
Ela fez uma festa.
Contou todos os trocados e comprou limão e vodca. Arrumou a casa e esperou seus amigos. Cada detalhe em seu devido lugar e cada cômodo em uma sequência incômoda exibido à medida em que os ilustres críticos chegavam. Fazia-se a luz no espetáculo noturno, o som rasgava o ansioso silêncio público e ela equilibrava-se diante de toda a platéia.
Ela fez uma festa.
A vodca transbordando no copo e o suor transbordando no corpo, aquele som magnetizante invadia suas entranhas e o corpo transbordava libido, um trago de tóxicos e sua cabeça enlouquecia. No quarto, chegara a uma reunião de desejos incrustrados nas falas alheias e confidências incomuns em comuns. A vodca invadia o seu inconsciente tornando-o cada vez mais irriquieto, náuseas de desejos vomitavam verdades a toda hora e o absurdo, tornava-se perfeitamente certo.
Ela fez uma festa.
O sexo aparecia nas atitudes dos sexos, e sua vontade era que não houvesse sexos. Cada toque tornava-se mais sensível, cada olhar mais perceptível e a racionalidade menos atingível. A testosterona de terceiros ambicionava um espetáculo sensitivo do outro sexo, somente dele. E o corpo já não obedecia às desculpas esfarrapadas que a muito custo sua mente desenvolvia. A aparente hesitação transformou-se numa incrível explosão tecnicolor no momento em que seus lábios pressentiram o que estava por vir. Explosão de uma vida inteira.
Ela fez uma festa.
Já não se importava os sexos. Diz-se que se deve amar os semelhantes. Ela amou. Com todo o seu direito. Enquanto todos dormiam.
Ela fez uma festa.
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