quinta-feira, 3 de julho de 2008

o jogo.

No quarto, só nós dois. "Cartas à mesa!", disse ela.
Mal sabia ela, mas, honestamente eu só tinha Espadas e Ouros.
Percebi o susto que ela tomou diante de tal cartada, seu diafragma parou - por um segundo, eu fui o único cosumidor (da falta) de ar daquele quarto. Ela disfarçou, mas os pulmões sentiram, e ela bruscamente devorou minha respiração por completo, deixando-me sem ar.
Ela jogou suas cartas, Paus e Copas, enquanto soltava o "ar reciclado". Olhamo-nos e trocamos ares. Eu expirei, aliviado, e ela inspirou, profundo. E não soltou o ar.
Meu Deus! O que foi que eu fiz?
Espalhei minhas cartas pelo chão, guardei as Espadas no bolso e servi-me de Ouros. Joguei com as cartas dela, sem jamais trocá-las com as minhas, armei todas as jogadas possíveis, mas sempre com elas, que possuíam um vermelho-ouro que nunca chegaria aos pés do seu vermelho-copas. Talvez sejam baralhos diferentes. E ela simplesmente observava, distante.
O que é que eu faço agora? Meu Deus, ela pensava em Copas durante todo esse tempo e por mais que parecesse Ouro, era Paus que ela jogava... Tudo o que eu queria era esquecer que vimos nosso jogos.
Desisti. E decidi apenas sentar e esperar a sentença. Minha cabeça quase explodindo. Vez ou outra ela deixava escapar uma expressão sofrida, mas se ela realmente tem convicção no jogo dela, terá de suportar o meu. Eu já estava tonto quando ela aparentemente tomou uma decisão. Esforcei-me para me aproximar, mas ela não conseguiu pronunciar qualquer palavra e virou-se. Não pode ser tão difícil... Meu corpo já formigando, sem forças.
Aguentamos uma eternidade, ambos sem ar. Senti que morreria ali mesmo, arrastei-me até a porta e quando consegui alcançar a maçaneta, ela caiu nos meus braços e me beijou. Um beijo aflito, mas salvador. Meu corpo enrijeceu-se novamente e ela mostrou-me uma carta, escondida por ela, uma Dama de Ouro. No seu jogo havia uma Dama de Ouro. Todo o seu sofrimento não é por mim, é pela Dama de Ouro!?
Mal sabia eu, não estávamos sós naquele quarto.
E o Rei de Espada escorregou do meu bolso e caiu sobre seu Rei de Copas.

6 comentários:

Júlia disse...

Caralho!!!!
FALOU TUDO!
amei!

eu sempre quis escrever um texto sobre 'joguinhos'
vc escreveu tudo tudo tudo!

x! disse...

Parabéns! Perfeito o texto,eu adorei!

angeloreale disse...

engraçado terminar de ler o "dia do coringa" e ver outra beleza envolvendo a magia do baralho.

qual será a sua próxima cartada lalai?
estou ansioso.

Unknown disse...

entendi nada
texto doidão!!!

mas quadno a pessoa deu um beijo no narrador me arrepiei tod
tomei um sustaço
huahuahua
foi legal

Gabriel Carvalho disse...

esse comentario ai de cima eh de biel viu lalai!!!!!

eh que eu rtava na casa de roman e usei a conta dele sem querer

Lúcia Neco disse...

eu esperava, eu já esperava.
todos surpresos, maseu,
só eu esperava.

e mesmo esperando,
você me surpreendeu.


nossas experiências são tão ligadas, meu amor.