Dias em baixo do chuveiro. A água que escorria confundia-se com as lágrimas e aguavam o sangue. Todos corriam por meu corpo, a água, as lágrimas, o sangue. Meu sangue. Vermelho ao extremo, mais forte que eu. Sangrei. E eu queria sangrar mais, por não ter impedido que o sangue fosse derramado. Não era um pensamento heróico, o sangue foi meu. Meu sangue! Ninguém tinha o direito de tirá-lo de mim.
A cabeça pesava e eu não consegui aguentar seu peso. Escorro eu, a água, as lágrimas, e o sangue, direto para o chão. Gelado. A água que batia nos meus joelhos, respingava no meu peito gelados pingos minúsculos, que mais pareciam estocadas de agulhas. Agora sim a dor é suficiente para que o ralo absorva, a mim, a água, as lágrimas, e o sangue - mistura fétida que eu terei de aguentar.
Desligo o chuveiro. Enxugo-me e agora estou toda eu vermelha e seca, coberta por meu sangue seco e vermelho, e por meus olhos vermelhos de tão secos. Eu que era tão forte, ao meu ver, me vi fraca, atônita. Minha própria vida, sem o meu controle. Preciso fortalecer-me para suportar o peso das minhas verdades, e das mentiras que contarei para escondê-las.
Um punhal em minhas mãos, o meu peito apunhalado. Dói. E dói ainda mais, a consciência de que fui eu quem me apunhalou por trás.
domingo, 15 de junho de 2008
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3 comentários:
mentira. meus olhos ainda não secaram.
me senti uma gota daquela água que te cortara.
desculpa por não ter impedido suas lágrimas.
me sinto em parte culpada.
secaremos as lágrimas juntas.
Porque sempre que pedir a minha mão, o braço vai tá disponivel...
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