Ela fez uma festa.
Contou todos os trocados e comprou limão e vodca. Arrumou a casa e esperou seus amigos. Cada detalhe em seu devido lugar e cada cômodo em uma sequência incômoda exibido à medida em que os ilustres críticos chegavam. Fazia-se a luz no espetáculo noturno, o som rasgava o ansioso silêncio público e ela equilibrava-se diante de toda a platéia.
Ela fez uma festa.
A vodca transbordando no copo e o suor transbordando no corpo, aquele som magnetizante invadia suas entranhas e o corpo transbordava libido, um trago de tóxicos e sua cabeça enlouquecia. No quarto, chegara a uma reunião de desejos incrustrados nas falas alheias e confidências incomuns em comuns. A vodca invadia o seu inconsciente tornando-o cada vez mais irriquieto, náuseas de desejos vomitavam verdades a toda hora e o absurdo, tornava-se perfeitamente certo.
Ela fez uma festa.
O sexo aparecia nas atitudes dos sexos, e sua vontade era que não houvesse sexos. Cada toque tornava-se mais sensível, cada olhar mais perceptível e a racionalidade menos atingível. A testosterona de terceiros ambicionava um espetáculo sensitivo do outro sexo, somente dele. E o corpo já não obedecia às desculpas esfarrapadas que a muito custo sua mente desenvolvia. A aparente hesitação transformou-se numa incrível explosão tecnicolor no momento em que seus lábios pressentiram o que estava por vir. Explosão de uma vida inteira.
Ela fez uma festa.
Já não se importava os sexos. Diz-se que se deve amar os semelhantes. Ela amou. Com todo o seu direito. Enquanto todos dormiam.
Ela fez uma festa.
domingo, 8 de junho de 2008
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3 comentários:
texto antigo. ando meio sem inspiração... =T
o de lê-lo à tinta, em um papel sumamente amassado.
nostalgia dos "desejos congruentes".
*lembro
[o começo não saiu.]
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